As 998 sórdidas maneiras de estourar o Markl

Sunday, February 11, 2007

99 - Always look at the bright side of life



Tal como no final do filme The life of Brian, cantamos: Always look at the bright side of life. No post anterior o Ed massacrou o estourou definitivamente o Markl, mas a vida continua. O Markl, após todas as torturas que nós, justa e imparcialmente lhe fizemos, acabou por amargurar-se da vida, tal como merecia. Por isso a expressão que tem nesta foto.

Triste e sozinho, vendeu a casa da Buraca e comprou um T1 na Reboleira. Mais consentâneo com a pessoa que é. Engordou ainda mais, ficou mais gordo que o gajo da série Lost, como vemos na foto.

E para bem da República, nunca ninguém voltou a ouvir falar nele.

Fim.

Saturday, February 10, 2007

98- O campeão da sardinha


1- Se há coisa que toda a criançada se pode gabar, é que quando andava na escolinha, qualquer um era campeão de alguma coisa: o melhor jogador da carica, o melhor futebolista da turma, o mais forte da turma, o que corre mais da turma...enfim.
O deslavado era (na cabeça dele) um don Juan na primária, irresistível a qualquer garina da turma, pois ele era o ás do jogo da sardinha. Não havia ninguém na escola inteira que jogasse melhor do que o Markl ao jogo da sardinha! Ahh! O orgulho nas bentas do barbicha irrisória!

2- Como andámos a fazer uma investigação cuidada ao passado do Markloso, soubemos que ainda hoje ele ostenta com orgulho nas paredes de casa a medalha de ouro dos jogos nerdísticos, na categoria do jogo da sardinha. Decidimos então pô-lo à prova, arranjamos-lhe um concorrente à altura e fizemos uma aposta com o Markl: quem perdesse numa série de melhor de 7 ao jogo, tinha que sofrer um castigo dado por um grupo de 5 nerds com um sério problema de acne. O Markl pensou para ele que nunca perderia com ninguém ao jogo onde ele era rei e senhor, e mesmo se por um azar maior do que a terra ele perdesse, não era um grupito de nerds borbulhentos que lhe iam fazer qualquer mal.

3- Dia da aposta, o encontro é num pátio aberto, cheio de público e amigos que o Markl convidou para ir assistir ao desafio, para lhes mostrar que ele é que é o maior. O Markl está já no meio do pátio à espera do seu adversário que é trazido por nós. Quando chegamos ao local, o nosso jogador está enrolado num roupão daqueles do boxe, com a cabeça escondida por dentro de um carapuço, pois ele é um pouco sensível à luz.

4- Os dois concorrentes estão já no meio do pátio, a 5 metros um do outro e nós damos ao nosso jogador o último incentivo e sussurramos-lhe ao ouvido que o Markl lhe tinha mijado para as sebes do quintal de sua casa e tinha pontapeado o seu arbusto preferido. O nosso concorrente estremece de ódio, começa a tremer, a tremer de nervos, range dos dentes e dá um berro descumunal que assusta o escaganifobético do Markl, quando o nosso jogador apenas diz: "quero SANGUE. Vou testar ir além dos limites da chacina" . O Markl ri, pensa que é só uma manobra de intimidação e avisa do seu lado do pátio que não cede a nenhum coitadito que ainda cheira a leite no jogo da sardinha e diz que ainda o nosso jogador andava com as cuecas borradas, já ele era medalha de ouro dos jogos nerdísticos da sardinha.

5- Vai começar o jogo, o Markl já está na sua posição no pátio à espera do nosso jogador. O Eduardo mãos de tesoura despe o roupão. Acto contínuo, o oculista da rádio começa a chorar e a pedir perdão, que não volta a fazer mais (e por esta altura já deixou dois selos nas cuecas).

6- Nada a fazer, a aposta está feita. À força metemos o Markl frente a frente com o ED, mãozinhas em cima das tesouras x-acteadas do criativo artista das sebes. Ainda nem sequer se deu a partida, o Eduardo, não se contendo com o seu ódio, começa logo a jogar e, num movimento repentino, corta logo 3 dedos ao Markl. O caixa d'óculos está horrorizado, com os olhos esbugalhados de dor, a jorrar sangue pelos dedos, que parecem 3 mangueirinhas a jorrar groselha. Das bancadas ouvem-se gargalhadas, o Markl olha para os lados, a babar-se de choro e vê que os seus próprios amigos estão a rir-se a bandeiras despregadas, a chorar a rir do pobre estafermo.
O Markl vira-se e tenta fugir, prepara-se para correr quando o Eduardo lhe crava a tesoura mindinha nas costelas e arrasta-o de novo para o jogo. O Markl não quer jogar mais, diz que desiste e tenta atirar-se para o chão, mas quando vai a tentar, o ED manda-lhe logo uma tesourada na cara que lhe corta o olho esquerdo ao meio e com a outra "mão" corta-lhe o nariz.

7- HORRORIZADO, o Markl, já com a cara numa poça de sangue, ajoelha-se e começa a gritar que é um cagão, que é um maricas, que é um falhado e que tem cara de menina. O ED não cai nisso, não há perdão, e vendo-o ajoelhado perante os seus pés, faz-lhe logo uma risca ao meio na cabeça com a tesoura indicadora da "mão" direita, que expõe o cérebro do Markl à luz do dia.
O Markl rasteja pelo chão, ouvindo pela orelha direita gritos de gozo, gargalhadas e algazarra. O Alvim está que não pode, o Ricardo Araújo Pereira está sem fôlego de tanto rir, o Bruno Nogueira aponta-lhe o dedo e troça com as mãos a dizer-lhe adeus, a Ana Lamy ri-se estridentemente e lágrimas de riso caem-lhe pela cara.

8- O barbicha de bode ainda tem o talento de conseguir chorar pelo olho direito, enquanto rasteja pelo chão, deixando um rasto de sangue no pavimento. O ED está possesso, as veias dos olhos dele palpitam, parecem que querem rebentar com o ódio e eis que senão solta o pé direito do chanato e começa a pontapear o Markl com as unhas-tesoura dos pés. O 1º biqueiro acerta no lombo do Markl, que lhe rasga a carne e expõe 3 costelas laterais. Na 2ª biqueirada, o ED faz-lhe uma paralítica na perna direita e a tesoura entra por um lado da coxa e sai do outro lado, cravando-se na barriga da perna esquerda do aniMarkl.

9- Nisto, agarramos o ED, achamos que já chega e à força retiramos-lhe as tesouras das mãos e dos pés. Enquanto isso o Markl mal respira, prostrado no chão. Quando passado uns 3 minutos achamos que o encontro da sardinha já terminou e o ED já está calmo e sem "armas", soltamo-lo.

Que erro.... O Eduardo num súbito movimento leva a mão à carcela e tira de lá de dentro o penis-tesoura catana, que ele carinhosamente chama de "embondeiro"...

R.I.P. Markl, paz à sua alma.

Wednesday, February 07, 2007

97 - Catapulta para o sucesso


1. Vemos o Markl das halitoses sentado numa qualquer berma das Laranjeiras, chorando baba e muito ranho como uma Madalena menstruada. Ficámos enternecidos, quase tivemos pena do diletante patife. O que se passa, rapazola? É outra vez o fantasma lá em casa?
"Não", soluçou ele. "É que passa tanto tempo e nunca mais consigo fazer nada de jeito... precisava de um clique que me catapultasse para o sucesso". Aqui no porradadecriarbichopontocome somos gente de coração mole e amor pelo próximo, e resolvemos acabar com a amargura do símio austríaco.

2. Então foi simples: pedimos emprestada ao Museu de história de Frankfurt esta catapulta pré-renascentista. Sentámos o monotomate efeminado no cesto, e ele todo contente a rir-se com roncos misturados e a bater palmas. Passeámos triunfalmente, devidamente autorizados pela protecção civil, na Avenida da Liberdade. E as pessoas sorriam, contentes por haver gente como nós interessados no bem estar dos cidadãos handicapados. Este é profundo.

3. Avenida da Liberdade, Baixa, 24 de Julho, Alcântara, e subimos para a ponte 25 de Abril. As televisões em directo, os helis do trânsito a captar grandes planos dos pontos negros do cariado do acne. No centro do tabuleiro, paramos o cortejo, e viramos a catapulta para poente. Damos ao Markl um capacete com um autocolante que diz "sou grunho e tenho orgulho". Chegou a hora.

4. Dispara-se a catapulta na direcção do Sol Poente. O dia caía em cores desmaiadas, mas o camundongo sardento estava bem acordado. Foi tudo calculado. Quando ele vai a cair para as águas, vem a passar o cargueiro "SUCESSO", oriundo de Goa, com o porão aberto cheio de tigres que não eram alimentados desde a passagem ao largo de Madagáscar.

Monday, February 05, 2007

96 - Explosão demográfica de nerds



1. Na festa de Carnaval da associação de presidentes de clubes de fisico-química de liceus da área metropolitana de Lisboa, onde esteve como orador principal, o Markl das cavernas deu-se conta de uma triste realidade. Olhou em redor e reparou que havia cada vez mais nerds como ele. Seres disformes de óculos fatelas, estômagos flácidos e proeminentes, barbas mal semeadas. E cada vez mais fanáticos de sitcoms enjoativos e possuidores da colecção de dvd's do Ed Wood.

2. Ficou aterrorizado. Sempre tinha tido orgulho em ser o geek mais geek da história - só comparável ao gajo dos óculos do Parker Lewis. Um gajo cool como eu não se lembra do nome - e quanto ao ter visto a série, tenho a desculpa de nesse tempo ser menor de idade. Bom, continuando, o corcunda de comedor de bolos no califa achava-se um ser único e agora sentia que todos eram igual a ele na comunidade de seres extremamente desinteressantes.

3. Entra aqui em acção o serviço comunitário do nosso staff. Sempre quis escrever "nosso staff". O próprio gargólico estropício veio a nós lacrimejando, soluçante, por ajuda. Eu quero ser único! Berrou o castor guturante. E nós pusemos toda a nossa energia numa solução. Pensámos em tatuagens - mas isso não seria assim tão único. Depois pensámos noutra coisa: quantos humanos, hoje em dia, têm marcas feitas com ferro em brasa como se faz com o gado? Ok, nas sociedades civilizadas. Ok, nós achamos que são poucos. Era isso!

4. Então imobilizámos o bexigoso homem-tortilha num daqueles dispositivos que antigamente se usavam nos largos das aldeias, prendendo os criminosos pelos pulsos para as populações atirarem tomates e ovos podres. Prendemos os pulsos de um lado e do outro os pés. Antes de o marcarmos achámos que seria boa ideia de facto metermos o Markl neste dispositivo numa praça de Kabul com uma Burka dizendo que era uma mulher adúltera. Sempre eram pedras em vez de tomates podres.

5. Depois desta diversão, com ele já bem quietinho - uma pedrada mais certeira deixou-o a dormir, foi fácil. Arranjou-se um ferro em brasa maiorzito. Para que esta marca fosse lucrativa, decidimos que poderia ter publicidade. Nós só queremos o bem do Markl. Por isso a "tatuagem" seria Amoreiras Shopping Center de Lisboa. Assim nas costas do estrambólico pé-de-salsa.

6. Na festa de Páscoa dos nerds o Markl exibirá orgulhoso a sua queimadura dolorosa e o buraco que a pedrada lhe deixou na testa. One of a kind!

Saturday, February 03, 2007

95- Oasis



1- Metemos o "ser" num helicóptero da força aérea, daqueles da cruz vermelha, sem portas, pilotado pelo Bafo de bode (personagem da Tieta do Agreste, seus ignorantes), depois de uma noite de jackpot nas lixeiras do agreste, onde uma caixa com 26 unidades de absinto foram encontradas, semi cheias. Festim.

2- Amarramos o animal com uma corda de 6 metros, que dá para o enrolar bem nas pernas e braços como um toucinho e ainda para dar 2 voltas à cara, passando a corda pela boca. Para o Markl não tentar falar, metemos-lhe também as meias do Bafo de bode na boca. Ao "experiente" piloto, damos-lhe o brevet da APCB (Associação Porrada de Criar Bicho), ao que o Bafo de bode se vira para trás, já com os headphones da pilotagem postos e diz ao Markl "OK chief, ready to fly!". Bastou o bafo das palavras "OK chief" para pôr o Markl em coma alcoólico.

3- Mal as pás do helicóptero começam a rodar, ouve-se um choro de criança compulsivo na parte de trás do engenho voador, que vai diminuindo até o pobre camafeu amarrado começar a ressonar alto, enquanto se baba pelo canto da boca com um catarro acastanhado.

4- Subitamente o Markl sente-se nas nuvens, leve, levezinho. Como nunca tinha tido nenhuma bebedeira na vida, ele pensa que está na fase high do processo ébrio, pois lera uma vez num dos livros de banda desenhada da sua estante do WC, que seria mais ou menos assim o efeito. Mas começa a sentir muito vento...e frio...e começa a tremelicar os olhinhos, até que se apercebe que vai em queda livre. Olha para cima e vê o Bafo de bode a dizer-lhe adeus, enquanto ensaia uma dança desajeitada na plataforma do helicóptero e entoa um jingle a propósito.

5- Primeira reacção, começa logo a chorar, enquanto vai a cair desamparado pelos ares. Só passado um minuto é que se apercebe que o piloto lhe tinha posto um pára-quedas artesanal nas costas. Ok, ok, um guarda-chuva comprado na feira do Agreste em 1977 colado com fita adesiva (mas daquela mesmo boa) nas costas do enfezado. Mas como perdeu o tempo todo a choramingar, nem tem tempo, mal vai a esticar o bracito para abrir o "pára-quedas", cai desalmadamente numa enorme duna de areia que lhe parte logo 3 vértebras e enfia uma costela num pulmão. O corpo, ainda dormente do coma alcoólico, rola a uma velocidade grande pela duna abaixo, até aterrar. O Markl desmaia.

6- Passado 6 dias, o barba pouco peluda acorda, fraco e cheio de sede. Apercebe-se que está no deserto. Apercebe-se também que há 2 abutres à sua volta. Um dos abutres tem uma bola no bico. Só passado 20 segundos é que o Markl se apercebe que a bola é o seu olho esquerdo. O outro abutre é um abutre homossexual e não pára de lhe dar bicadas nos testículos. Aterrorizado, o Markl zarolho levanta-se, empenado, e começa a correr como já não corria tão bem desde os seus tempos de escola, nas aulas de ginástica, só apoiado pelos bicos dos pés, à menina.
Passado 1 hora de corrida, a arfar, completamente seco na garganta e quase a morrer de sede, debaixo de um sol intenso, o Markl olha para trás e nota que conseguiu despistar os abutres. Ele sente que não pode mais, está fraco demais, até que tem uma visão: avista um oásis! Um Oásis!! "Estou salvo!!", pensa ele, que ganha as últimas forças para ir a correr em direcção àquelas palmeiras e águas límpidas, salubres e frescas.

7- O ruminante vai a correr, desesperado, em direcção ao oásis e mal chega lá, atira-se num salto de piscina para dentro da água. "Ahhhh!!! hahaha!!! aaaaaahhh!!!! yupiii!!!....aaaa..ai. ahh..aha..ai.aiai..aaaaaaaiiiii AAAAAAAAAAAARRRRGHHHHH AAAAAAAAAA!! ÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÀHHHHHHH!!!!! O corpo começa a derreter, o Markl está horrorizado e passa-lhe completamente a moca do bafo que levara 6 dias antes, até que se apercebe que era uma miragem e está mas é numa poça de 3 metros quadrados de ácido.
O cérebro começa a funcionar de novo e a fazer contas, ele olha em volta e não vê deserto nenhum, está numa pedreira abandonada no Fogueteiro, coberto de pó de pedra, a duna está a 10 metros dele e os abutres afinal era 2 pombos que olham, a 7 metros dele no chão, com cara de indignados e trocistas, enquanto os ossos do nosso herói se desfazem e liquidificam, na poça ácida e o cabelo lhe cai, assim como a pele da cara, expondo os músculos que (ainda) estão colados ao osso do crânio.

Vês, Markl, o que é que os papás te tinham dito acerca do álcool, pá? possa...

Thursday, February 01, 2007

94 - O calimero e a abelha Maya



1. O Markl gosta da feira. Da feira em geral. De se enfartar de farturas, de ouvir pregões berrados e agudos, de pisar bostas dos cães residentes. Anda nos carrinhos de choque, quiçá compensando o complexo de não conseguir conduzir, como as mulheres. Depois lambuza-se num algodão doce, vomita-se à saídas de um carrossel de o meu pequeno pónei, e uma cegonha acerta-lhe com um bostélio nos óculos. E o nosso atarracado fuinha é um ser feliz.

2. Ele prefere a feira de Carcavelos, e a feira de Azeitão. Ambas de alto nível feiral. Com casais de cinquentões com o corpo em forma de barril, ela de calças de treino e sapato de festa, ele de camisolão grosseiro, bigode, boné, e nariz cor de vinho. E unhaca. O Markl sonha um dia ser assim. Enquanto passeia estes devaneios, estaca numa venda onde há toda a sorte de bugigangas. Fica maravilhado, o nosso Baudelairiano bailarino.

3. Uma venda riquíssima: cães de loiça, relógios de cozinha dos pastorinhos com néons azuis, livros encadernados do planeta agostini. Repuxos de ligar à electricidade, crucifixos quase em tamanho natural em madrepérola, e uma peça fantástica: o quadro de o menino que chora feito só com caricas e selos num degradé resplandecente. Mas ele perde a cabeça quando vê outra coisa: um almanaque de tarot da Maya de 1993! Deve valer milhões! Custa 3.99€, segundo a etiqueta. O basbaque pitosga mete a mão ao bolso e conta: 68 cêntimos, uma pastilha gorila dos anos 80, e uma bola de murcões do nariz de cor indefinida. Não chega.

4. Num assomo de audácia ele decide. Tem que ter aquele almanaque custe o que custar. Custa 3.99€. Vamos ver quem percebeu esta. Então ele surripia a cena e desata a fugir enquanto uma mulher gorda e com barba, cheia de ouro nas orelhas e nas mãos grita ai que me levaram mê tesôre!!!, e num ápice o Markl dispara na direcção do carro da mulher. Mas é interceptado: o vendilhões tinham às suas ordens um gato mutante do bairro da Bela Vista, que interceptou o desonrado garganeiro sacando de uma ponta-e-mola: passa o almanaque senôm fure-te tôde.

5. E foi assim que o Markl ficou com um olho diferente do outro, tal como o David Bowie, mas de uma forma mais parva.

Wednesday, January 31, 2007

93 - Desconforto solar. Solar de sola.


1. O Nuno Simão (2º nome do Marklnifobético) tem o hábito de usar ténis sem meias no Verão. E como panaceia (quando escrevo palavras destas tenho impulsos narcisísticos - olha outra - narcisísticos) polvilha o interior dos ténis, ou como alguns gostam de dizer - do téni - com Suodermina, um pó branco tipo talco para mitigar o chulé.

2. O Markl tem uns ténis destes. Eu também. Mas eu uso com meias. E aquela borracha na biqueira aperta-me o mindinho. Onde é que eu ia? OK. Então, como sempre a sua companheira, que colabora alegremente na concepção destes textos, abre-nos a porta durante a noite. Está mais gorda desde a última vez, mas tenho a delicadeza de não o mencionar. O Markl ressona como uma locomotiva a carvão.

3. Simplesmente, substituímos o conteúdo da embalagem de Suodermina por 100 grs. de térmitas carnívoras da Eritreia. Estas térmitas têm uma simpática característica: a sua saliva é anestésica, portanto conseguem comer, comer, comer, sem que a presa dê por nada.

4. O Markl ao fim da tarde chega a casa com uma desagradável sensação de pés molhados e diz: Querida, tenho comichão nos pés. Fizeste alguma? Depois descalça-se e descobre de que cor são os ossos.

Monday, January 29, 2007

92 - 250 grs. de Nobre, ó fáchavor


1. O impiedoso Markl costuma comer uma sandocha mista pelas cinco da tarde no café ali ao pé do trabalho. Saber-lhe sempre bem aquele queijo flamengo passado da data e aquele fiambre rançoso. Ora nós tivemos a ideia de mostrar ao australopiteco balofo como se faz fiambre à séria. Começamos por encaminhar o Markl para abate. Mas pensámos melhor, e decidimos que era melhor ele estar acordado para aprender bem. Devemos assegurar-nos de que ele não está stressado quando se produzir o fiambre, pois nesse caso terá níveis altos de ácido láctico o que é mau bacteriologicamente. E facilitaria o chamado rigor mortis, e logo, um fiambre mesmo rijo.

2. Antes da fabricação propriamente dita, o Markl deve ser tornado insensível à dor. Um dos métodos mais empregados consiste em atingi-lo na cabeça com uma peça rombuda impulsionada por pólvora ou ar comprimido em lugar do antigo sistema de tontear o humorista pé-descalço através de um túnel cheio de CO2. A lesão encefálica provocada pelo golpe sobre o encéfalo faz com que perca sua coordenação motora, alterando sua temperatura e pressão sanguínea. Depois de tornado insensível à dor, é suspenso pelos pés e golpeado no pescoço para a sangria. Mas sempre sem perder os sentidos.

3. Depois vem o desmembramento. Praticamente todos os componentes do corpo são aproveitados, inclusive o sangue e as vísceras. A carcaça é então esfolada viva, lavada, eviscerada e, a seguir, transportada para uma sala de refrigeração onde a parte mais interna da carne atinge 2ºC em cerca de 36 horas, evitando a deterioração por acção bacteriana. E se o Markl tem bactérias. Ó se tem.

4. A suavização ou desaparecimento da rigidez cadavérica é geralmente feita a 2ºC, pendurando a carcaça em uma câmara fria e nesta temperatura o processo pode levar de 1 a 4 semanas.
O sistema de desossa está cada vez mais racionalizado com um melhor rendimento de ossos e retalhos. Inicialmente as carcaças são divididas em quartos. Após essa divisão, a desossa dos quartos traseiros e dianteiros são conduzidas em etapas separadas afim de evitar misturas de cortes. Para fabricação de fiambre, a formulação pode ser a seguinte:

Carne de Markl gorda - passe a redundância...
Picles, Pimentão, Queijo, Cenoura, Ervilhas
Obs.: Não se usa toucinho, porque o Markl é demasiadamente badocha.

5. A operação de moagem tem por finalidade reduzir o tamanho das particulas de carne para facilitar a operação seguinte de trituração e mistura. A carne passa por uma seção de trituração onde será reduzida ainda mais suas partículas a fim de ser misturada com os condimentos. A carne do ensosso radialista é triturada com o gelo e os condimentos. O gelo é empregado com a finalidade de controlar a temperatura e assim fazer com que se tenha uma uma emulsão estável, já que nessa fase a mistura é feita rapidamente e abaixo de 12ºC. Calculamos que seja por aqui que ele perde os sentidos...

6. O cozimento é feito após a enformagem, as formas são colocadas em tanques de cozimento de tal forma que a água possa circular entre elas. O tanque é preenchido com água a 75ºC e mantidos nessa temperatura até que o produto atinja uma temperatura interna de 66ºC. Esse cozimento também pode ser feito em forno, seguindo-se as mesmas orientações. As formas são resfriadas com água fria até que o fiambre atinja uma temperatura interna de 35ºC.

7. Agora, cortamos ao meio um brioche, colocamos uma fatia do nosso fiambre, uma fatia de queijo e talvez uma pequena quantidade de manteiga. Bom apetite.

Sunday, January 28, 2007

91- O vizinho ruidoso


1- Finalmente o Markl tem um golpe de sorte, sai-lhe a lotaria anual do convívio/jantar dos nerds, que se realiza na 1ª quarta-feira de Janeiro no casino de Espinho. O lingrinhas rejubila! Há muito que se queria mudar do barraco onde morava e finalmente ter luz eléctrica da EDP, em vez do velho gerador do seu avô. Finalmente podia ter papel de parede em sua casa, em vez de se ver emparedado entre tijolos e canos rotos.

2- Nisto, investe logo numa casinha num subúrbio pacato de Los Angeles. A vida em grande! Como demora tempo a perder certos hábitos, o enfezado todos os dias de madrugada, às 6h30, sai da cama rumo ao caixote do lixo para vasculhar qualquer coisita que se trinque, uma macã pouco trincada, uma folha de alface semi limpa.

3- Todos os dias o mesmo ritual, 6h30 da manhã, lá está o Markl com a cabeça enfiada no lixo, a fazer grande barulheira. Das janelas os vizinhos só vêem 2 perninhas de fora do contentor a estrebuchar de equilíbrio, enquanto o resto do corpo está enfiado, de cabeça para baixo, em busca de uma bucha. Corre o rumor na vizinhança que "o vizinho" está a começar a ficar seriamente irritado e que um dia destes vai tomar medidas. O Markl ouve o rumor, quando uns vizinhos passam por ele e o avisam, enquanto ele põe a cabecita de fora do contentor do lixo, com um bocado de mostarda no lábio. Ele ri-se, diz que não tem medo de um finório qualquer de Hollywood e que quem perde a cabeça um dia destes é mas é ele. As pessoas deixam-no em paz e seguem caminho.

4- 6h30, o relógio da barriga dá horas. O Makl levanta-se, calça as pantufas e lá vai ele, no seu pijama cor de vinho de uma peça só, tipo far west, e atira-se de cabeça para o contentor, provocando um grande ruido. Foi a última gota, os moradores ouvem a porta do "vizinho" a abrir-se violentamente, um residente dá um grito abafado de pânico. O vento começa a soprar forte, as copas das árvores agitam-se. Uma frase ecoa na profundeza da rua: "É o vizinho!!".
O Markl levanta a cabecita, surpreendido, e faz um curto sorriso pelo canto do lábio. Estica a cabecita de fora, a pensar "ora vamos lá ver se querem ter problemas comigo" e, quando os seus olhinhos remelosos começam a identificar a sombra que vem a passo largo em direcção a ele, o barbicha de bode solta a sua 1ª descarga anal. Nem tem tempo para reagir, está branco. Começa com as perninhas a tentar sair do contentor, em pânico, quando leva logo a 1ª bolachada na tromba daquelas mãos que parecem ramos de árvore, que lhe fazem engolir logo 7 dentes do lado esquerdo da cara.

5- Solta-se a 2ª descarga anal.

6- Em gemido e com o pijama colado à nalga, tenta pedir perdão, mas só um fio de baba sai pela boca, os músculos da boca já não obecedem ao dono, estão paralizados.
Nisto, mal tenta pôr um pézinho fora do contentor, o "vizinho" Bud enfia-lhe logo uma murraça nas beiças, que o fazem dar 6 voltas no ar à rectaguarda e o enfezado aterra no capot dum carro estacionado na rua. Pânico: O carro era o do "vizinho", riscou-lhe o vidro da frente.

3ª descarga anal...

Saturday, January 27, 2007

90 - Bife muito pouco tártaro


1. À saída do local de trabalho, o Markl é violentamente espancado pelo mesmo grupo que espancou o Nicolas Cage no Wild at Heart do David Lynch. Pedimos desculpa ao senhor Lynch por associá-lo a esta criatura, mas teve mesmo que ser. Ah! E tal como o Nicolas Cage no filme, no fim ele agradece aos gajos espancarem-no. Mas não come a Laura Dern. Essa fica para nós.

2. Recomposto, ou quase, ele mete-se no autocarro para casa. Mas azar dos azares, pior que ser espancado: o único lugar disponível é naqueles da frente ao lado de uma velha que só se sabe queixar. Mas ficou num estado que tem que se sentar e vai o resto do caminho a ouvir falar de doenças e insultos à juventude hodierna. Reparem bem: eu escrevi hodierna. E sei que 99% dos que estão a ler vão abrir o site da porto editora para consultar o dicionário.

3. À porta de casa, uma sensação estranha. Entra, pousa as chaves no dálmata de loiça e tem uma epifania: a série Seinfeld, sem o George Costanza e o Cosmo Kramer seria a pior porcaria da história da TV. Revoltado e desgostoso com esta realidade, decide deitar pela janela a colecção de dvd da série. Então, para se recompor, toma uma abusiva dose de soníferos.

4. Enquanto ele está a dormir, entramos, com a ajuda da empregada, a dona Gertrudes, que se quer vingar dos dois meses de salário em atraso. Fazemos as contas às horas a que ele vai acordar, e cinco minutos antes, fechamo-lo no forno crematório do cemitério de Moimenta da beira. Digam sinceramente: bem ou mal passado?